sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Reticências


Nada do que se possa escrever consegue explicar quem ou como alguém realmente é. Nada. Não fujo a regra. Ao contrário... Sou não explicável por palavras, não compreensível por jargões... Não aceitável por adjetivos...
Dificilmente se conhece alguém de forma legítima.
Estamos nos nossos pensamentos, nossos sentimentos, nossas ações, nossas reações...
‘Palavras’ são só ‘palavras’ que mudam com a mudança do clima, em variados tempos...E tempos....
Justifica Saramago:
"Com as palavras todo cuidado é pouco, mudam de opinião como as pessoas." [...] "Porque as palavras, se não o sabe, movem-se muito, mudam de um dia para o outro, são instáveis como sombras, sombras elas mesmas, que tanto estão como deixaram de estar, bolas de sabão, conchas de que mal se sente a respiração, troncos cortados." (As Intermitências da Morte)
Podemos ser classes: verbos e substantivos. Adjetivos não. Porque estes são instáveis e tornam-se irreais à medida que se muda: de interesse, de intenção, de pretensão e de razão.
E sempre vai haver reticências...
Posso, singelamente, dizer o que somos por palavras, como um borrão ou um rabisco que não representa a beleza da paisagem real, por: ser, estar, ver, pensar, fazer, brincar, reclamar, disputar, sorrir, agradar, ajudar, amar...
Ou mesmo: alegria, tristeza, incerteza, força, fraqueza, carinho, confiança, trabalho, amizade, vida...
Ou mesmo uma sinfonia, onde apenas se experimenta os acordes, sem nada dizer...
Apenas sentir...
Apenas viver...

Imagem  retirada do site : http://weheartit.com/.

Nenhum comentário:

Postar um comentário